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Foto do escritorPedro Stiehl

A ESTRATÉGIA DO ÓDIO

Tenho um livro antigo, de 1942, caindo aos pedaços. Conservo-o como posso, mas ele merecia um trabalho de restauração. Mas não sei fazer. Chama-se a 5ª Coluna no Brasil, de Aurélio da Silva Py e trata da formação de núcleos nazistas no Rio Grande do Sul nos anos 1930.

O livro é enorme, mais de 400 páginas onde o Tenente Coronel Py discorre sobre a presença de nazistas na capital e no interior do estado, mostrando farta documentação, cartas e mensagens, depoimentos enormes de acusados no DOPS da época comandada por Plínio Brasil Milano.

Também investiga escolas (de Montenegro, inclusive, reproduzo em foto na postagem), igrejas, o uso da língua, as associações de descendentes germânicos. Enfim, uma devassa.

Se tudo que está ali, dito ou insinuado foi verdade, não tenho como dizer, mas é certo que muitas pessoas sofreram pelas alucinações totalitárias de alguns líderes. O que me chamou bastante a atenção também são algumas epígrafes colocadas pelo escritor, onde traz falas de Hitler e outros da mesma ideologia. E é interessante perceber o quanto estas falas ainda ecoam nos dias de hoje, por serem muito semelhantes a alguns discursos de ódio que vemos na boca de figurões da república e seus porta-vozes nas redes sociais. Todos sabem onde este tipo de pensamento levou a Itália e a Alemanha. Mas sempre há os que querem trilhá-lo novamente.

O discurso messiânico de que os contrários são “inimigos” e precisam ser “exterminados” sempre leva à barbárie, como aquele de “fuzilar a petralhada”, feito por Bolsonaro no Acre. Assim como esse “silêncio do ódio” que é ignorar as 60 mil mortes causadas pela pandemia. Ainda vamos entender um dia como as serpentes passaram a encantar o homem!

Abaixo, reproduzo as frases que estão nas fotos das páginas do livro que publico. Cada um acabará por ver algum eco no que tenha lido ou ouvido neste Brasil de tão amargos dias. No final, a estratégia do ódio, aquela que clama e se utiliza de nossos instintos mais baixos, acaba por perder, mas o custo de sangue e vidas geralmente é alto.

“O povo alemão empregará, com entusiasmo, todos os meios contra seus inimigos. Nós tornaremos às épocas selvagens em que o homem era um lobo para o homem”. “Aspiramos, não a igualdade de direitos, mas ao domínio”. “... nós somos bárbaros, e queremos ser bárbaros: é um título de honra”. “O Direito alemão que nós queremos criar será o direito de um povo de soldados e um direito de um povo de senhores”. “Nos meus burgos crescerá uma juventude que fará tremer o mundo. Uma juventude violenta, imperiosa, intrépida e cruel”. “O que sempre tem agido mais eficazmente é o terror e a violência... O terrorismo não pode ser vencido senão por um terrorismo maior”. “Não podemos admitir que a autoridade do governo, que é a autoridade do povo, seja atacada por qualquer outro poder”. “As S. A. (tropas de assalto) provaram que são minhas, bem como eu haverei de provar que pertenço aos meus homens das S. A.”. “Devemos ser cruéis, e devemos sê-lo com a consciência tranquila”.



Crônica escrita no Facebook em 06 de julho de 2020.



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